segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

O valor da hora

Em artigo, Paulo Loeb, diretor da agência Fbiz, discorre sobre uma das questões mais controversas nas agências de publicidade mundo afora: o custo do trabalho de uma agência no novo cenário de remuneração por resultado.
Quanto vale uma hora da sua vida? Não consigo pensar numa melhor resposta do que o muro do “depende”. Pode valer mais de cem reais num bom jantar. Pode valer mil reais se você se consultar com o melhor advogado do pedaço. Em alguns casos, não tem preço. O que determina esse valor? Fui até a Wikipedia – www.wikipedia.org - e encontrei uma resposta satisfatória em uma simples equação: valor = benefícios / preço, ou valor = benefícios recebidos / expectativas.
Portanto, antes de estabelecermos o valor de um serviço ou um bem, é mais do que necessário definirmos o que queremos alcançar, como mediremos nosso sucesso e o prazo para tudo isso ocorrer: nossas expectativas e benefícios a serem alcançados. Qualquer semelhança com o processo de um briefing bem feito não é mera coincidência. Muitas vezes, pressionados por carência de prazo e investimento, agências e clientes acabam criando ações pontuais capengas de definições que deveriam anteceder o processo criativo e produtivo. Ao final do projeto fica difícil (senão impossível) determinar o valor de tal ação. As metas foram alcançadas? O retorno sobre investimento foi positivo? O lançamento ocorreu no momento correto? Nada mais prudente do que um bom planejamento para anteceder as ações. Mas voltando à equação da Wiki...
Com essa equação em mente, segue uma segunda indagação: quanto vale a hora do trabalho de uma agência? Também “depende”, mas os critérios são menos cinzentos, uma vez que para esse atributo podemos adicionar a variável do custo da matéria-prima do nosso trabalho: cérebros. Nossa matéria-prima é constituída por pesquisa, criatividade, experiência acumulada sobre erros do passado que não devem ser repetidos, acertos que podem ser replicados, metodologia de programação... A lista segue.
Dependendo (lá vai o “depende” de novo) do escopo do projeto, as agências misturam diferentes matérias-primas (profissionais de perfis diversos) para chegar ao produto final. Um produto simples não requer matéria-prima diferenciada. Quando a idéia já está fechada pelo cliente, não há dúvidas em relação ao escopo e, conseqüentemente, o trabalho é mais direcionado às atividades de execução do que de criação e planejamento, o “valor cerebral” agregado é baixo. Felizmente, esse não é sempre o caso, permitindo-nos criar soluções digitais diferenciadas, inovadoras, fora da caixa. Idéias com alto valor. Quanto vale uma idéia que possibilita o estreitamento entre marca e consumidor, propicia aumento na participação de mercado ou que fomenta "um viral”? Ah, o viral...
Para criar “o viral”, o diferente, o que ainda não foi tentado, é necessário pensar, pensar, pensar. Misturar as mais nobres matérias-primas para pesquisar, criar, voltar, reler o briefing e fechar a idéia. Fechar a idéia para logo depois jogá-la no lixo (é incrível como depois de algum tempo aquela idéia genial perde seu brilho. O que acontece nesses quinze minutos?). O processo recomeça. O prazo é curto. A pressão aumenta. O prazo aumenta um pouquinho. Ufa! O filho nasceu. Tempo, energia, boas cabeças, criatividade... Tudo junto, misturado. A idéia aparece e, se for boa mesmo, temos um bom projeto em mãos.
O jantar de cem reais pode ser barato se o objetivo for comemorar em grande estilo uma data importante com um grupo de pessoas. Pode ser caro se o briefing for um lanche rápido. O advogado mais caro do mundo sai de graça se te livrar da maior enrascada da vida. Essa é a dinâmica: o valor da hora é proporcional ao resultado esperado. Nem barata, nem cara: “depende”.

fonte: http://jumpexec.uol.com.br

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